19 Jun
O que é a zona de conforto?

Na nossa zona de conforto adotamos comportamentos de modo a evitar o medo presente na vida diária.

É comum ouvir com frequência a expressão “saia da sua zona de conforto” como sendo uma frase motivacional, ou então um convite a novas experiências, mas de que se trata então esta zona de conforto? 

A verdade é que a zona de conforto não é um lugar perigoso. Pelo contrário, é um termo utilizado em psicologia para designar um estado emocional onde não existe nem ansiedade nem incerteza . 

É explicado como sendo aquele momento em que não se está à espera de que algo inesperado aconteça ou então é o momento onde não existe qualquer pressão para alcançar um objetivo, mas simplesmente vivemos a nossa rotina sem estarmos expostos a qualquer risco.

Por extensão, chamamos também de zona de conforto às situações, comportamentos ou áreas mentais, as quais conhecemos bem e que nos remetem para um sentimento de segurança e de certeza. O bairro onde habitamos, onde já sabemos quem vamos encontrar ao cruzar de cada esquina; as tarefas rotineiras que fazemos todos os dias no trabalho e que aprendemos de cor; o hábito de ir todos os domingos ao mesmo restaurante de que gostamos; o penteado típico que utilizamos diariamente sem pensar bem porquê, apenas sabemos que nos cai bem. Estes são alguns exemplos concretos da nossa zona de conforto.


Porque deveríamos então deixar um lugar onde nos sentimos tão confortáveis? 

O problema de nos limitarmos à zona cinzenta das emoções tem duas desvantagens fundamentais: o medo de mudança  torna-se cada vez maior, fazendo com que se dê uma paralisação levando esta a uma perda nas possibilidades de evoluir a nível pessoal. Esta situação faz com que se entre em estado de apatia, e até depressão, pela falta de desafios e estímulos.

Sair da zona de conforto significa estabelecer novos objetivos, testar capacidades e limites. Tem a ver com a superação do medo do desconhecido e alcançar a melhor versão de nós próprios.

Pode ser um exercício muito complicado para pessoas com inseguranças, mas existem técnicas para o conseguir:

Em primeiro lugar, é importante tomar consciência de quais são os nossos limites: muitas vezes inventa-se desculpas para não mudar situações de que não se gosta ou para não ousar tentar coisas novas. As pessoas, muitas vezes, pensam que não estão preparadas para tal. É necessário definir aquelas coisas que realmente gostaria de mudar. O primeiro passo é identifica-las.

Esquecer experiências negativas do passado: que nos impedem de ir para onde queremos ir. Foram experiências negativas que tivemos no passado e que tememos que se repitam. Pense que o tempo fez de si uma pessoa melhor preparada para enfrentar essas mesmas situações e lembre-se também de todas as conquistas que alcançou ao longo da vida. Concentre-se no que conquistou em vez de pensar no que perdeu.

Aceite que não pode controlar tudo: ao sairmos da nossa zona de conforto começamos a deparar-nos com situações que não esperávamos e aspetos que não podemos controlar. Devemos de aceitar com naturalidade. Fazer coisas de forma diferente leva a que os resultados também  sejam diferentes. Além disso, só pode assumir a responsabilidade por tudo aquilo que pode controlar, não seja duro consigo mesmo.

Amenize os erros:  pode-se aventurar em algo e falhar, mas pelo menos tentou e, além disso, aprenderá com a experiência, o que o deixará mais forte. Os conceitos que surgem relacionados com o ridículo ou o fracasso estão apenas na sua cabeça.

Comece com uma pequena ação: antes de iniciar uma mudança radical em todos os seus comportamentos, estabeleça metas mais próximas para que mais facilmente se adapte a esta nova perspetiva. Por exemplo, se o seu objetivo é deixar de ser tão permissivo, comece por dizer que não a um amigo próximo quando este o convidar para algo que não deseja. Pratique a sua assertividade num ambiente mais controlado e, à medida que se sentir mais confortável, expanda-a até atingir seu objetivo (que pode por exemplo ser o enfrentar o seu chefe de trabalho defendendo o seu ponto de vista).

Não se compare com os outros: a dificuldade de sair da nossa zona de conforto varia muito de pessoa para pessoa e depende de muitos fatores, mas tenha presente que é algo que todos podemos fazer. Talvez precise do apoio de uma pessoa, um amigo ou familiar com quem possa expressar seus medos e inseguranças, ou de um terapeuta profissional para o guiar neste caminho de autodescoberta e aprimoramento.

Como disse o pensador Søren Kierkegaard: “Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se.”

Publicado originalmente no site naturhouse.es