Na nossa zona de conforto adotamos comportamentos de modo a evitar o medo presente na vida diária.
É comum ouvir com frequência a expressão “saia da sua zona de conforto” como sendo uma frase motivacional, ou então um convite a novas experiências, mas de que se trata então esta zona de conforto?
A verdade é que a zona de conforto não é um lugar perigoso. Pelo contrário, é um termo utilizado em psicologia para designar um estado emocional onde não existe nem ansiedade nem incerteza .
É explicado como sendo aquele momento em que não se está à espera de que algo inesperado aconteça ou então é o momento onde não existe qualquer pressão para alcançar um objetivo, mas simplesmente vivemos a nossa rotina sem estarmos expostos a qualquer risco.
Por extensão, chamamos também de zona de conforto às situações, comportamentos ou áreas mentais, as quais conhecemos bem e que nos remetem para um sentimento de segurança e de certeza. O bairro onde habitamos, onde já sabemos quem vamos encontrar ao cruzar de cada esquina; as tarefas rotineiras que fazemos todos os dias no trabalho e que aprendemos de cor; o hábito de ir todos os domingos ao mesmo restaurante de que gostamos; o penteado típico que utilizamos diariamente sem pensar bem porquê, apenas sabemos que nos cai bem. Estes são alguns exemplos concretos da nossa zona de conforto.
O problema de nos limitarmos à zona cinzenta das emoções tem duas desvantagens fundamentais: o medo de mudança torna-se cada vez maior, fazendo com que se dê uma paralisação levando esta a uma perda nas possibilidades de evoluir a nível pessoal. Esta situação faz com que se entre em estado de apatia, e até depressão, pela falta de desafios e estímulos.
Sair da zona de conforto significa estabelecer novos objetivos, testar capacidades e limites. Tem a ver com a superação do medo do desconhecido e alcançar a melhor versão de nós próprios.
Pode ser um exercício muito complicado para pessoas com inseguranças, mas existem técnicas para o conseguir:
Em primeiro lugar, é importante tomar consciência de quais são os nossos limites: muitas vezes inventa-se desculpas para não mudar situações de que não se gosta ou para não ousar tentar coisas novas. As pessoas, muitas vezes, pensam que não estão preparadas para tal. É necessário definir aquelas coisas que realmente gostaria de mudar. O primeiro passo é identifica-las.
Esquecer experiências negativas do passado: que nos impedem de ir para onde queremos ir. Foram experiências negativas que tivemos no passado e que tememos que se repitam. Pense que o tempo fez de si uma pessoa melhor preparada para enfrentar essas mesmas situações e lembre-se também de todas as conquistas que alcançou ao longo da vida. Concentre-se no que conquistou em vez de pensar no que perdeu.
Aceite que não pode controlar tudo: ao sairmos da nossa zona de conforto começamos a deparar-nos com situações que não esperávamos e aspetos que não podemos controlar. Devemos de aceitar com naturalidade. Fazer coisas de forma diferente leva a que os resultados também sejam diferentes. Além disso, só pode assumir a responsabilidade por tudo aquilo que pode controlar, não seja duro consigo mesmo.
Amenize os erros: pode-se aventurar em algo e falhar, mas pelo menos tentou e, além disso, aprenderá com a experiência, o que o deixará mais forte. Os conceitos que surgem relacionados com o ridículo ou o fracasso estão apenas na sua cabeça.
Comece com uma pequena ação: antes de iniciar uma mudança radical em todos os seus comportamentos, estabeleça metas mais próximas para que mais facilmente se adapte a esta nova perspetiva. Por exemplo, se o seu objetivo é deixar de ser tão permissivo, comece por dizer que não a um amigo próximo quando este o convidar para algo que não deseja. Pratique a sua assertividade num ambiente mais controlado e, à medida que se sentir mais confortável, expanda-a até atingir seu objetivo (que pode por exemplo ser o enfrentar o seu chefe de trabalho defendendo o seu ponto de vista).
Não se compare com os outros: a dificuldade de sair da nossa zona de conforto varia muito de pessoa para pessoa e depende de muitos fatores, mas tenha presente que é algo que todos podemos fazer. Talvez precise do apoio de uma pessoa, um amigo ou familiar com quem possa expressar seus medos e inseguranças, ou de um terapeuta profissional para o guiar neste caminho de autodescoberta e aprimoramento.
Como disse o pensador Søren Kierkegaard: “Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se.”
Publicado originalmente no site naturhouse.es